Como começar uma redação? Dicas para tirar 1000 no ENEM

Saber como começar uma redação é crucial para fazer um bom texto. Afinal, o começo é justamente o ponto de partida, onde você irá introduzir o assunto que irá tratar.

O começo da redação também tem como objetivo atrair a atenção do leitor, fazendo com que ele se engaje em chegar até as últimas linhas do texto. Nesse sentido, tanto o conteúdo quanto a forma como você escreve é importante no começo da redação (e também no restante dela).

Você está se preparando para fazer o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) ou qualquer outro concurso público que inclua redação ou questões discursivas? Então precisa conferir as dicas e os exemplos que trouxemos neste artigo de como gabaritar na redação.

Confira!

O que é uma redação?

Vamos começar pelo princípio. Chamamos de redação o ato de redigir ou escrever um texto. Seu objetivo é passar uma mensagem para o leitor, geralmente informativa. Ele faz isso através de alguns ou vários parágrafos, cada um composto por várias orações (frases), que expressam ideias conectadas entre si sobre o assunto tratado.

Nesse sentido, podemos chamar de redação qualquer tipo de produção textual, seja ela publicitária, jornalística, científica, literária, etc. E isso independe do tamanho do texto ou se ele utiliza a norma culta da língua ou não. Isso significa que você está produzindo um texto ou uma redação quando faz o resumo de um livro que lê, quando anota a receita de um bolo, quando responde uma questão dissertativa para uma prova, por exemplo. E também quando faz legenda de uma foto no Instagram e até quando produz uma thread no Twitter!

Ainda que cada uma delas tenha suas características próprias e desenvolvam ideias diferentes, o objetivo é sempre o mesmo: passar uma mensagem para quem as lê.

Conhecendo os tipos de redação

Como vimos, nem toda redação é igual – e não estamos nos referindo somente ao conteúdo ou ao seu tamanho! Dependendo do propósito daquela redação, ela irá exigir uma estrutura diferente. Afinal, um texto jornalístico e uma carta (ou e-mail) são redações, mas que possuem características distintas entre si.

Conhecer os diferentes tipos delas é importante para não fazer nenhuma confusão e acabar escrevendo um tipo de redação no lugar da outra. E também escolher melhor as palavras e como construir as orações que você usa em cada uma delas.

Descritiva

Como o próprio nome já indica, a redação descritiva tem como objetivo descrever um objeto, pessoa, lugar ou evento para o leitor. Ela parte principalmente da observação de quem escreve (ou do relato de outra pessoa) e utiliza vários adjetivos para falar sobre as características daquilo que descreve.

Narrativa

Por outro lado, a redação narrativa tem como objetivo contar uma história real ou inventada. Assim, ela envolve personagens, um cenário e um tempo específico. Embora muitas pessoas associam a redação narrativa a textos ficcionais, ela não se limita a eles. A redação narrativa é bastante usada também em textos publicitários, por exemplo.

Dissertativa

Agora chegamos na protagonista do nosso artigo: a redação dissertativa. Tipo de texto bastante presente em provas de concursos públicos e do ENEM. Em suma, a redação  dissertativa se caracteriza por apresentar e argumentar sobre um tema. Nesse caso, o autor sempre se coloca no texto, defendendo um ponto de vista.

Desse modo, as capacidades de análise e interpretação sobre aquele tema são obrigatórias tanto para a apresentação como para a argumentação do texto. Sua estrutura consiste em uma introdução ao tema e ao ponto de vista, seguido de argumentos que o defendam e uma conclusão.

Em geral, a redação dissertativa possui dois tipos de abordagem. Ambas, no entanto, utilizam dados para fortalecer  a discussão sobre o tema. Confira quais são:

  • Expositiva: onde o mais importante é informar o leitor sobre o tema do texto.
  • Argumentativa: onde o foco do texto é defender uma ideia sobre o tema.

Isso significa que um texto só pode seguir um tipo de redação? Não! Dependendo da proposta do seu texto e da mensagem que você quer passar, você pode utilizar elementos dos diferentes tipos de redação. Por exemplo, a descrição pode ser usada na introdução de uma redação dissertativa. Mas lembre-se que, se a proposta é fazer uma dissertação, a descrição não pode ocupar muito espaço no texto. Atenção ao foco do texto!

A redação no ENEM

O ENEM foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar a qualidade do ensino médio no país. Originalmente, a prova era composta por 63 questões interdisciplinares e uma redação, aplicadas em um único dia.

Em 2005, a nota do ENEM se tornou base para a seleção de candidatos à bolsas de estudos de ensino superior em instituições privadas, através do Programa Universidade para Todos (ProUni). Com isso, o número de participantes praticamente dobrou de um ano para o outro e permaneceu em crescimento nos anos seguintes.

O que levou à reformulação da metodologia utilizada e a expansão da prova, a partir de 2009. Assim, a nota da prova tornou-se base para a seleção de candidatos à vagas em universidades federais, através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Desde então, a aplicação do ENEM se dá em dois dias e a prova é dividida em quatro áreas do conhecimento, cada uma com 45 questões objetivas (múltipla escolha):

  • Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, que compreende as disciplinas de Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna (Inglês), Arte e Educação Física;
  • Ciências Humanas e suas Tecnologias, que compreende História, Geografia, Sociologia e Filosofia;
  • Ciências da Natureza e suas Tecnologias, que compreende Física, Química e Biologia; e, por último,
  • Matemática e suas Tecnologias.

Além das 180 questões totais, a prova também conta com uma questão discursiva: a redação. Nela, o participante deve desenvolver um texto dissertativo-argumentativo de até 30 linhas a partir de uma situação-problema apontada na prova.

A nota final da prova é composta pela média da nota de cada área do conhecimento e da redação. Sendo assim, a redação corresponde a 20% da nota final da prova.

Portanto, tirar uma boa nota na redação é essencial para conseguir uma nota final elevada no ENEM. Por outro lado, zerar a redação leva à eliminação do participante da prova toda, zerando também sua nota final. Pois um dos pré-requisitos para obter nota no ENEM é justamente não zerar a redação.

Quais são os critérios de avaliação da redação do ENEM?

Ter sua nota zerada é um dos maiores temores de quem a prova do ENEM, especialmente se a intenção é usá-la para entrar no ensino superior.

Enquanto as questões são corrigidas de forma eletrônica, com o uso de um gabarito, o mesmo não pode ser feito na redação. A nota da redação de cada participante do ENEM é feita por 5 avaliadores, que não conversam entre si. Cada um recebe a redação sem saber o nome de quem a produziu e atribui uma nota de 0 a 200 de acordo com os seguintes critérios:

  • Domínio da língua portuguesa;
  • Compreensão da proposta da redação;
  • Organização e interpretação das informações;
  • Capacidade de argumentação; e,
  • Respeito aos Direitos Humanos na elaboração de uma proposta de intervenção ao problema abordado.

Saiba mais sobre cada um deles aqui.

No final, as notas dos avaliadores se somam, podendo chegar a 1000 pontos. Por outro lado, não escrever uma redação dissertativa-argumentativa, fugir totalmente do tema, fazer desenhos, não escrever o mínimo de linhas ou ultrapassar o máximo… Essas são algumas atitudes que levam uma redação a receber nota zero.

Mas como começar uma redação?

O começo é definitivamente a parte em que as pessoas sentem maior dificuldade de escrita na redação. Afinal, todo mundo quer escrever uma redação que impressione o leitor (no caso do ENEM, o avaliador) já na primeira frase.

Para te ajudar nesta tarefa, separamos 7 dicas para você começar com o pé direito:

1. Comece compreendendo o tema proposto

Antes de escrever qualquer palavra na sua folha de redação, é importante que você leia com atenção o tema proposto e os materiais de apoio com atenção.

No ENEM, o tema proposto para a redação sempre vem acompanhado de pelo menos dois documentos que podem ser trechos de matérias de jornal, tirinhas, músicas, poesias… Eles ajudam o participante a se situar no assunto e podem ser usados como dado para fortalecer a argumentação do texto.

2. Solucione o problema

O tema ou situação-problema de redação do ENEM (e dos concursos públicos de modo geral) é sempre bastante amplo. Por isso mesmo, não existe só uma solução considerada correta, como é o caso das questões objetivas. Aqui, o aluno precisa refletir sobre o tema e contar com os seus conhecimentos sobre ele e as atualidades para propor uma solução aplicável à realidade.

Portanto, tire um tempinho para refletir. Se preciso, utilize o verso ou às margens da folha de rascunho para escrever algumas ideias e caminhos que a sua redação pode seguir, como um brainstorming.

3. Estruture o texto

Agora que você já sabe o que escrever é hora de pensar em como você irá escrever o texto. Nesse ponto, é importante definir qual ideia e argumento será apresentado em cada parágrafo e como eles irão se conectar para formar um todo coerente.

Novamente recomendamos que você utilize a folha de rascunho para isso. Assim, você sempre pode consultar as suas anotações para ter certeza que não está fugindo do que planejou.

4. Nunca escreva em primeira pessoa

Em redações dissertativas nunca se usa a primeira pessoa do singular (eu) no discurso, pois não se trata de um texto opinativo. Pelo contrário, por ser um texto objetivo e embasado em argumentos sólidos, a redação deve usar os verbos na terceira pessoa (ele/ela).

O motivo é simples: a terceira pessoa dá ao autor do texto o papel de observador da situação. Com isso, as chances dele ter uma visão mais ampla sobre o problema é maior.

5. Vá direto ao ponto

Enfim é hora de começar a sua redação. Aqui, a dica é ir direto ao ponto. Lembre-se que você tem somente 30 linhas para introduzir o tema, apresentar seus argumentos e concluir o raciocínio. À primeira vista pode até parecer bastante espaço, mas acredite: não é!  Então, comece sempre contextualizando o tema, desde a primeira linha do texto.

6. Conhece alguma obra que trata sobre o tema? Cite!

Você se lembra de ter visto a situação-problema ser tratada em algum livro, pintura ou filme antes? Se a resposta for sim, não tenha medo de citar. Fale brevemente sobre a obra e como a situação aparece nela (aqui os spoilers são liberados!). Essa é uma ótima forma de demonstrar que você não só possui repertório cultural como consegue articulá-lo numa produção textual.

Ah, mas não vale citar só por citar, hein? A referência cultural tem que fazer sentido no texto que você está produzindo.

7. Fazer uma referência histórica (local ou global) relacionada ao tema é outra ótima forma começar

Outra boa estratégia para começar a sua redação é apostar nos seus conhecimentos históricos sobre o tema. Nesse caso, a redação já começa por um comparativo: um momento em que a situação foi enfrentada (e quais os desdobramentos desse fato) e como ela aparece hoje em dia.

Apesar de ser importante conhecer minimamente os fatos na hora de narrar, não precisa lembrar das datas exatas. Está permitido fazer aproximações de data (“por volta do ano/década/século…”) ou até mesmo referir-se ao fato dentro de um período histórico (Antiguidade, Idade Média, Renascimento, Modernidade…). Mas é importante estar seguro do fato a que você se refere!

Exemplos de redação nota 1000 para você se inspirar

Abaixo, selecionamos o primeiro parágrafo de 5 redações que receberam nota 1000 no ENEM de 2021. A partir dela, você poderá conferir de que forma cada participante da prova escolheu começar a sua argumentação.

A situação-problema proposta foi a seguinte: Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil

1.

“A obra modernista ‘Vidas Secas’, produzida por Graciliano Ramos, retrata a história de vulnerabilidade socioeconômica enfrentada por Fabiano e seus dois filhos, os quais eram chamados por seu pai de filho mais novo e mais velho, não possuindo seus nomes registrados durante o desenvolvimento do enredo. Ao sair do campo literário e fazer uma análise da atual conjuntura brasileira, nota-se ainda a invisibilidade associada ao acesso das pessoas ao registro civil, visto que tal problema é negligenciado por diversos segmentos sociais e políticos. A partir desse contexto, é fundamental entender o que motiva essa situação irregular de documentação e o principal impacto para a sociedade, a fim de que o acesso à Cidadania seja eficiente.”

2. 

“Em sua obra ‘Os Retirantes’, o artista expressionista Cândido Portinari faz uma denúncia à condição de desigualdade compartilhada por milhões de brasileiros, os quais, vulneráveis socioeconomicamente, são invisibilizados enquanto cidadãos. A crítica de Portinari continua válida nos dias atuais, mesmo décadas após a pintura ter sido feita, como se pode notar a partir do alto índice de brasileiros que não possuem registro civil de nascimento, fator que os invisibiliza. Com base nesse viés, é fundamental discutir a principal razão para a posse do documento promover a cidadania, bem como o principal entrave que impede que tantas pessoas não se registrem.”

3. 

“A cidadania, no contexto relativo à Grécia Antiga, era restrita aos homens aristocratas, maiores de vinte e um anos, que participassem do sistema político de democracia direta do período. Diferentemente dessa conjuntura, a Carta Magna do Estado brasileiro, vigente na contemporaneidade, concede o título de cidadão do Brasil aos indivíduos nascidos em território nacional, de modo que a oficialização dessa condição está atrelada ao registro formal de nascimento. Nesse contexto, convém apresentar que, em virtude da ausência dessa documentação, diversas pessoas passam a enfrentar um quadro de invisibilidade frente à estrutura estatal e, com isso, são privadas da verdadeira cidadania no país.”

4. 

“A Constituição Federal de 1998, norma de maior hierarquia do sistema jurídico brasileiro, assegura os direitos e o bem-estar da população. Entretanto, quando se observa a deficiência da visibilidade do registro civil como forma de garantir o acesso à cidadania no Brasil, verifica-se que esse preceito é constatado e não desejavelmente na prática. Dessa forma, essa realidade se deve, à inoperância estatal e à alienação social.”

5. 

“A Declaração Universal dos Direitos Humanos busca garantir a todos os cidadãos pleno acesso aos direitos básicos, como saúde e educação, além de preservar a integridade e dignidade da pessoa humana. Entretanto, tais garantias são negligenciadas quando indivíduos não conseguem obter o registro civil, documento que garante acesso à cidadania no Brasil e previne a invisibilidade social. Dessa forma, a ausência desse documento causa a marginalização do povo e impede a ascensão social dos brasileiros.”