Autor: Isabela Vasconcelos

Investir no desenvolvimento das suas habilidades profissionais é a melhor forma de crescer na sua carreira. A educação profissional contínua, também conhecida como “lifelong learning” em inglês, está cada vez mais em pauta hoje em dia. A premissa é muito simples: o aprendizado nunca termina, mesmo após conseguir seu diploma e conseguir uma boa posição no mercado de trabalho. Neste sentido, entram os conceitos de upskilling e reskilling, ligados diretamente ao desenvolvimento profissional e ao futuro de diversas profissões no mercado de trabalho. Neste artigo, falamos sobre o que significam estes conceitos e porque eles são tão importantes para o futuro do mercado de trabalho. Confira! Mas o que é upskilling e reskilling? Antes de mais nada, saiba que ambos os termos em inglês são derivados da palavra skill, que significa “habilidade” em português. Assim, a diferença entre os dois está no prefixo, ou seja, no que vem antes de skill. Upskilling e reskilling são dois termos que estão em alta dentro do desenvolvimento profissional. Tratam-se de dois conceitos que surgem como resposta para as mudanças do mercado de trabalho desencadeadas principalmente pelas inovações tecnológicas. Upskilling Up é uma palavra que sozinha significa “para cima”, mas quando está acompanhada de outras palavras como no caso de Upskilling, indica uma “melhoria” ou “avanço”. Neste sentido, podemos dizer que Upskilling significa uma melhoria ou aprimoramento de habilidades que o profissional já possui de antemão. Apesar da palavra ser nova para a maioria das pessoas, não se trata de um conceito novo. Afinal, durante a nossa vida profissional, através da prática e do estudo constante e atualizado, vamos adquirindo maior domínio sobre determinado assunto e habilidade. Só assim podemos avançar com a nossa carreira, avançando para o nível pleno, sênior, especialista e, enfim, líder. À medida em que avançamos no domínio de uma habilidade, podemos entregar um trabalho de mais qualidade e que atenda as demandas do mercado. E, ao mesmo tempo, necessita de menos tempo e esforço para ser executado, Reskilling Assim como em português, o prefixo Re- possui vários significados, como repetição, reforço ou retrocesso. No caso do termo reskilling, o Re- do início assume o significado de retrocesso, indicando a necessidade de retornar ao início de uma habilidade. Mas não pense que isso é uma coisa ruim! Afinal, vivemos em um mundo em constante mudança, então a requalificação não é exatamente uma novidade. Com a diferença de alguns anos ou décadas, por exemplo, vemos que algumas tecnologias mudam completamente, ferramentas novas são inventadas e tornam-se rapidamente parte essencial do nosso cotidiano e profissões novas aparecem, acompanhando as necessidades do mercado. A atualização, portanto, não significa só dominar uma habilidade que você já conhece, mas também aprender habilidades novas que antes não eram necessárias para desenvolver o seu trabalho. Assim, o reskiling é justamente o ato de aprender uma nova habilidade e se requalificar profissionalmente para atender às demandas do mercado e da empresa que você trabalha. 3 razões pelas quais upskilling e reskilling são tão importantes em 2021 (e para os próximos anos) A cada ano, a atualização - seja por meio do upskilling ou do reskiling - se torna mais importante para o desenvolvimento de um profissional. Aqui estão 3 motivos para isso: 1. O impacto da COVID-19 no mercado de trabalho Seria impossível falar sobre as mudanças do mundo atual sem citar a pandemia da COVID-19. Afinal, como resultado da pandemia, mudamos completamente nossos hábitos de vida e de trabalho. Ao mesmo tempo, observamos a descoberta recorde de uma vacina contra o vírus, bem como a explosão de serviços digitais, atendendo a população em isolamento social. Por outro lado, não podemos ignorar os impactos econômicos da pandemia para todos os países, que têm um impacto significativo para o desemprego. Aqui no Brasil, que já tinha altas taxas de desemprego antes da eclosão da pandemia, os trabalhos informais voltados para a tecnologia, como os comércios digitais e os serviços de entrega tornaram-se a principal forma de renda de parte dos trabalhadores atingidos pelo desemprego. Diante deste cenário, uma coisa é certa: upskilling e reskilling são essenciais para manter-se atualizado e conseguir uma posição melhor num mercado de trabalho cada vez mais concorrido. 2. Crescimento da economia digital A digitalização de diversos setores já era uma tendência para boa parte dos setores antes da pandemia, mas ela com certeza acelerou este processo. Entre todos os processos e efeitos do crescimento da economia digital para os próximos anos e que exigirão upskilling e reskilling dos trabalhadores estão: a. Transformação digital Até 2020, ainda existiam muitas empresas relutantes em adentrar o mundo digital, mas a pandemia fez com que elas ficassem sem escolha. Assim, se estas empresas quisessem continuar fazendo negócios enquanto o mundo estava em isolamento social, elas precisavam trabalhar (também) com o digital. Isso levou a um aumento acentuado de novos aplicativos, sistemas e softwares. E, como resultado, os empregadores tiveram que montar uma força tarefa para se adaptar a usar esta tecnologia. Neste sentido, tanto o upskilling como o reskilling foram essenciais, tanto para os trabalhadores que ocupam cargos que lidam diretamente com as operações digitais como aqueles com funções administrativas mais tradicionais, por exemplo. b. Novos cargos Há 10 anos atrás, muitos cargos que vemos hoje relacionado ao desenvolvimento tecnológico (e que são tendência para o futuro) sequer existiam. É o caso dos desenvolvedores mobile, especialistas em cloud computing, especialistas em machine learning, gerente de mídias sociais e gerente de experiência de usuário, por exemplo. A demanda por profissionais nestas áreas só cresce. No entanto, como são cargos de alta especialização a escassez de profissionais faz com que algumas empresas tenham dificuldade em ocupar estas vagas. Com isso, mais profissionais (tanto novos como experientes) estão buscando adquirir as habilidades necessárias para encontrar trabalho no setor tecnológico. c. Automação Muito vem se discutindo sobre a permanência de alguns postos de trabalho a partir do fenômeno da automação. Em outras palavras, quando o trabalho antes feito por pessoas passa a ser feito por robôs. Com a pandemia, o isolamento social, o avanço da tecnologia, a tendência é que a automação também avance cada vez mais daqui para a frente. A crise sanitária gerada pela pandemia fez com que aumentasse o interesse dos grandes conglomerados pela automação. Em 2021, a receita global do software automação robótica de processos (Robotic Process Automation, RPA) deve crescer 19,5% em relação à 2020. Até 2024, estima-se que o mercado RPA cresça a taxas de dois dígitos. Já a empresa de consultoria estadunidense Gartner prevê que 90% das grandes organizações globais irão adotar o RPA em alguma forma até 2022. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 14% dos empregos estão “em alto risco de automação”. Deles, 32% podem ser “radicalmente transformados". O setor da manufatura é o que tem empregos com maior risco de automação. Diante deste cenário irreversível, profissionais têm aprimorado suas habilidades, bem como aprendido novas para manterem-se atualizados com as demandas do mercado. Seja para permanecerem nas suas áreas de atuação na supervisão das operações automatizadas, manutenção dos robôs ou até mesmo mudando completamente de área. 3. Escassez de habilidades Com o crescimento da economia digital, há uma nova demanda por habilidades voltadas para o desenvolvimento, manutenção e operação destas tecnologias. Mas isso está se mostrando um verdadeiro problema atualmente. Pois o cenário hoje em dia é de uma escassez global de habilidades relacionadas aos novos mercados de tecnologia. Neste sentido, falamos não só das habilidades técnicas (conhecidas como hard skills), mas também das habilidades comportamentais (soft skills). Afinal, elas também são essenciais para o desempenho de diversas funções. Entre as principais habilidades comportamentais em escassez no mundo atualmente, estão: Resolução de problemas complexos Pensamento crítico Criatividade Gestão de Pessoas Coordenar com os outros Inteligência emocional Julgamento e tomada de decisão Orientação para serviço Negociação Flexibilidade cognitiva Já no caso das habilidades técnicas, o destaque vai para aquelas voltadas para o desenvolvimento tecnológico, especialmente no setor de inteligência artificial. A atual escassez de profissionais é, inclusive, uma ameaça ao próprio crescimento desta indústria.