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O relato de experiência ou relato de caso é um tipo de texto acadêmico que gera muitas dúvidas em que vai produzí-lo pela primeira vez. Pois a ideia de escrever um texto mais pessoal no contexto acadêmico parece bastante estranha (e, em alguns casos, contraditório). O relato de experiência é um texto mais pessoal, mas isso não significa que ele não segue a metodologia científica. Neste artigo, te contamos exatamente o que é um relato de experiência e te mostramos como escrever o seu. O que é um relato de experiência? Relato de experiência é um tipo de texto acadêmico onde o autor descreve e reflete sobre uma experiência ou vivência profissional, seja ela exitosa ou não. O objetivo é que esse relato possa contribuir à discussão, troca ou proposição de ideias na sua área de atuação. À primeira vista, o relato de experiência pode parecer uma simples descrição, realizada após a observação de um grupo, só que não é exatamente isso. A descrição é uma parte importante do relato de experiência, mas o texto não acaba por aí. Além da descrição, o texto deve estabelecer reflexões embasadas na experiência relatada e em um aparato teórico. Isto é, na literatura acadêmica já existente e consolidada sobre o tema tratado. Portanto, o relato de experiência é um texto de caráter narrativo, descritivo e reflexivo. Em geral, o relato de experiência é mais comum na área da Saúde, especialmente nos cursos de enfermagem, fisioterapia, dentre outros. Mas esse tipo de texto também pode integrar pesquisas na área das Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e também das Ciências Exatas. Uma característica importante desse tipo de texto é que ele geralmente é escrito com verbos em 1ª pessoa (eu/nós). A razão disso é que o relato é um texto que tem maior liberdade de descrever impressões pessoais. Mas não se trata de um texto informal, muito pelo contrário: relato de experiência é um texto acadêmico, então o autor deve manter o rigor e seriedade acadêmica na sua escrita. E como os demais textos acadêmicos, o relato de experiência é fruto de uma pesquisa científica e, portanto, precisa ser planejada como tal. Ou seja, ele parte da identificação de um problema, possui objetivos, métodos e procedimentos de coleta de dados e análise além de um referencial teórico. Qual a estrutura de um relato de experiência? O relato de experiência mantém a mesma estrutura de um texto acadêmico apontada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), sendo dividido em: Resumo, onde o autor faz uma síntese de tudo o que o leitor encontrará no texto. Geralmente o resumo tem de 150 a 500 palavras. Introdução, onde o autor apresenta o referencial teórico, os objetivos e expõe os métodos escolhidos para conduzir a vivência ou experiência. Todos esses pontos podem ser descritos em subseções diferentes ou aparecer num único texto. Desenvolvimento, onde o autor faz a descrição da vivência ou experiência, bem como dos procedimentos realizados e dos resultados obtidos. Em seguida, apresenta suas reflexões e análises levando em consideração os resultados e o referencial teórico. Conclusão, onde o autor reflete sobre a vivência ou experiência como um todo. Isto é, considera se os objetivos foram alcançados, se encontrou alguma dificuldade na aplicação dos procedimentos ou na análise dos resultados. Quais são as limitações da intervenção e quais problemas podem ser explorados em relatos futuros (do próprio autor ou de outros). Referências, para finalizar, é preciso listar todas as obras e documentos que foram consultados e citados durante o texto. Recapitulando… Antes de avançarmos, vamos fazer um resumo rápido do que é e de como se escreve um relato de experiência. É um texto acadêmico caráter narrativo, descritivo e reflexivo; Tem base nos referencial teórico da área do conhecimento em questão; Reúne considerações significativas para a área do conhecimento em questão; Possui reflexões embasadas tanto na experiência relatada como no referencial teórico; Revela as dificuldades enfrentadas durante a experiência descrita, indicando novos caminhos a serem explorados no futuro; É escrito em 1ª pessoa; Utiliza linguagem formal, clara e objetiva; Respeita a estrutura e as normas de formatação da ABNT. Como escrever um relato de experiência? Agora que você sabe o que é e qual a estrutura de um relato de experiência, é hora de começar a planejar e a escrever o seu. Abaixo, te ajudamos no passo a passo dessa tarefa. Passo 1: Escolher uma experiência ou vivência que gerou aprendizagem para você (e para outras pessoas que participaram dela) Escolher uma experiência ou vivência é o primeiro passo - e talvez o mais complicado! O tipo de experiência ou vivência depende da área em que seu curso está localizado e também dos seus interesses. Tanto nos cursos de saúde como de educação os relatos de experiência são focados nos estágios obrigatórios realizados em clínicas/hospitais e escolas, respectivamente. Mas existem outros tipos de experiências que podem ser exploradas nesse tipo de relato. Por exemplo: monitorias em uma disciplina do seu curso, realizada sob a supervisão do professor responsável por ela. Atuação em outros ambientes acadêmicos, como laboratórios, clínicas de atendimento, participação de projetos de pesquisa e extensão, etc. Atuação profissional (contratado ou como estagiário remunerado) em instituições públicas ou privadas também pode ser usada no seu relato. Mas vale ressaltar que a experiência precisa ser significativa tanto para a sua aprendizagem como para os estudos da sua área de conhecimento. Em geral, você sabe que a experiência se encaixa nessas categorias quando consegue usar ela para refletir sobre um problema e até mesmo encontrar uma resposta para ele a partir dessa situação. Passo 2: Relacionar aquela experiência à literatura da área do conhecimento em questão Apesar da experiência pessoal do autor (pesquisador) ser parte essencial do texto, as reflexões apresentadas a seguir sempre precisam de uma sustentação. Ou, em outras palavras, uma base teórica sólida, encontrada na literatura da área. É nesse passo que acontecem as buscas em bibliotecas, repositórios e bancos de dados acadêmicos por outros pesquisadores que já falaram sobre o tema que você está tratando. Nesse ponto, recomendamos que você se concentre não só em livros referência, mas também em artigos científicos publicados em revistas. Pois assim você consegue conhecer quem são os autores que estão tratando do tema atualmente e o que eles estão pensando. Através deles, você também tem contato com as referências que embasam seus trabalhos. Passo 3: Planejar o seu relato de experiência Fazer uma pesquisa ou escrever um texto sem planejá-los previamente é a receita certa para um resultado ruim. O método científico pressupõe o planejamento escrito da pesquisa, num pré-projeto que envolve a definição do problema, os objetivos, hipóteses, métodos de coleta e análise, cronograma e justificativa do tema. Reserve um tempo para planejar em detalhes o que você irá fazer, mesmo que já tenha realizado a observação, para só então começar o seu relato. Passo 4: Escreva seu relato Experiência escolhida, literatura levantada e pesquisa planejada: agora só resta começar o seu relato. Se você sente dificuldades em começar, nossa dica é fazer uma apresentação do tema, contextualizando-o na literatura e em seguida a metodologia usada. Depois, parta para o relato em si. Passo 5: Não pule a revisão crítica e ortográfica do texto! Por último, nunca deixe de revisar o seu texto. Isso vale para todos os tipos de trabalhos acadêmicos (e não acadêmicos que você fizer). Após colocar o último ponto final, dê um tempo e volte para o início. Leia o texto inteiro, inclusive as partes complementares. O objetivo não é só encontrar e corrigir palavras escritas erradas. Mas também conferir a coesão e coerência do texto, bem como a forma como você apresenta suas reflexões e discute o referencial teórico. Ou seja, se os leitores conseguirão entender o que você quis dizer no seu texto sem nenhum problema. Exemplos de relatos de experiência “Oficinas de primeiros socorros: relato de experiência” “Relato de experiência de uma estudante de enfermagem em um consultório especializado em tratamento de feridas” “Intervenção psicológica em terminalidade e morte: relato de experiência” “Avaliação do Programa Mais Médicos: relato de experiência” “Orientação sexual para adolescentes: relato de experiência” “A brinquedoteca hospitalar como fator de promoção no desenvolvimento infantil: relato de experiência”